5 de dezembro de 2009

2ª ETAPA: DA SÉ AO LARGO DOS FERRADORES

O grupo junto ao monumento ao Soldado Desconhecido da Grande Guerra, na Praça de Carlos Alberto.

Sábado, 5 de Dezembro de 2009 - E, debaixo de chuva, cumpriu-se a segunda etapa desta "peregrinação" para Compostela. O início foi na Sé, junto à "muralha suévica" e à estátua a Vímara Peres - pretextos para se abordar as origens cristãs e católicas da cidade do Porto, com invasões e conflitos com mouros à mistura. Motivos para falar do Porto suévico, da conversão dos suevos e da cidade ao catolicismo durante o reinado de Teodomiro (com a lenda da igreja de "Cedo Feita" pelo meio), à invasão muçulmana da Penísula em 711 e à tomada do Porto por Abdazil em 716, à "reconquista" por Afonso I das Astúrias por volta de 750, às posteriores instabilidades e à presúria de Vímara Peres em 868, juntamente com os guerreiros gascões (entre os quais o Bispo que trouxe a Imagem de Nossa Senhora de Vandôme, "aportuguesada" por Vandoma - a actual padroeira da cidade do Porto). Incontornável foi, também, abordar a tomada da cidade em 997 pelo famoso guerreiro muçulmano Almanzor, antes da definitiva passagem da cidade para o domínio cristão.
Pacificada a região, integrada no condado portucalense, o Porto cresce significativamente a partir do século XII, rompendo a velha muralha alti-medieval e estendendo-se para o fronteiro morro do Olival. Foi nessa direcção que prosseguimos, depois de correr a Rua Escura e observar a Rua da Ponte Nova sobre o rio d vila. Já na margem direita deste, no morro do Olival, atravessamos o largo de S. Domingos (onde se recordou a existência no local de um antigo mosteiro medieval dominicano)e iniciamos a subida da encosta através das Escadas da Esnoga (sinagoga)abordando obviamente a judiaria que aqui se desenvolveu a partir do reinado de D. João I, bem assim como a (longa) história dos judeus na cidade. Passagem pela antiga bateria liberal da Vitória, durante o Cerco do Porto, e o impacto que este teve na igreja da Vitória (visita ao interior do templo, onde se observou a imagem da padroeira da autoria de Soares dos Reis e onde se fez diversas considerações à história e "estórias" da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, a propósito de uma imagem aí existente da autoria de Guilherme Thedim, o famoso santeiro de Santa Cruz do Bispo/Matosinhos). Passagem pelo mosteiro de S. Bento construído sobre as ruínas da antiga sinagoga judaica e que, marcando a "vitória" dos cristãos sobre os judeus, motivou o nome pelo qual esta elevação passou a ficar conhecida (morro da Vitória em vez de morro do Olival). "Saída" da cidade pelo local da antiga porta do Olival e observação de alguns vestígios da desaparecida muralha fernandina ainda hoje observáveis no interior do actual Café do Olival. Visita ao jardim da Cordoaria e explicação da origem desta designação, ligada à produção de cordas que aqui se praticou a partir dos finais da Idade Média, em articulação com os estaleiros navais que se desenvolviam a algumas centenas de metros de distância nas praias fluviais de Miragaia. Referência ao adro dos enforcados onde, no século XVIII, se construiu a igreja e a torre da Irmandade dos Clérigos Pobres, vulgo "dos Clérigos"). A peregrinação prosseguiu pela antiga Praça do Pão (depois designada por Praça dos Voluntários da Rainha e, mais recentemente, por Praça Gomes Teixeira - mas que toda a gente conhece popularmente por "Praça dos Leões"), de onde se observou e comentou a igreja e antigo convento dos Carmelitas Descalços (desde 1910 quartel da Guarda Nacional Republicana)e a igreja e hospital da Ordem Terceira do Carmo. A caminhada terminou no antigo largo dos Ferradores (actual Praça Carlos Alberto)de onde partiam as principais estradas que ligavam o Porto ao Norte do país. (foto Joel Cleto)

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